A cidade de Leme fica no centro-leste do estado de São Paulo. Fundada em 1895, tem o começo de sua história relacionado com a construção da Companhia Paulista de Estradas de Ferro.
Como muitas cidades do interior do Brasil, Leme também tem heranças musicais do tempo do Império.
A música que se tocava nessa época era quase que exclusivamente européia. Ela era trazida pelos senhores e executada pelos seus escravos. A instrumentação era basicamente de instrumentos de sopro e percussão, instrumentos que os negros sabiam tocar, afinal, não tinha violino na África! As partituras eram compradas na Europa e adaptadas para a instrumentação que cada banda tinha. No começo eram transcrições orquestrais, mas com o surgimento de compositores e o sucesso popular, a formação começou a se estabelecer.
Por todo o interior brasileiro as bandas de música sempre foram o principal veículo de ensino musical e entretenimento, e até hoje são as responsáveis pela formação de músicos, especialmente de sopros e percussão, claro. Aliás, pensando aqui comigo, o topo da lista dos meus músicos preferidos é todo preenchido por músicos do interior.
Naylor Azevedo, o Proveta, nasceu em Leme, estudou e tocou saxofone alto e clarineta na banda de música da cidade. A família é de músicos; seu pai, Sr. Geraldo Azevedo toca acordeon, as irmãs Iara e Silvana Azevedo tocam, respectivamente clarineta e sax alto. Eles participaram do primeiro disco do Proveta, "Tocando para o interior".
Não lembro quem deu esse apelido pra ele, mas foi na época em que nasceu o primeiro bebê de proveta, no final dos anos 70. O menino do interior começou a fazer sucesso na cidade grande e, de tão bem que tocava - e já tocava entre os grandes músicos da época como Eduardo Pecci, o Lambari e Oscar Bolão - o relacionaram com o grande passo que a ciência dava.
Mas os passos a que anda Proveta são muitos mais largos e muito menos reconhecidos do que os da ciência. Conhecendo, entendendo e amando nossas raízes musicais, Proveta fundou a Banda Mantiqueira, uma big band tupiniquim que é talvez, a maior referência pra toda essa garotada que nasceu, cresceu e estudou música no interior, como eu.
Mais, muito mais do que um instrumentista, ele é músico! Ele entendeu a essência do negócio e sabe colocar pra fora do jeito mais bonito! Com ele a música tem forma e conteúdo.
Uma vez o Rodrigo Ursaia - meu professor e guia musical - me disse que certa vez alguém pediu pra tocar "1x0", do Pixinguinha, na canja e o Proveta perguntou: "Em que tom?" Como assim em que tom? O cara toca "1x0" em mais de um tom? Vocês tem noção do que é tocar essa música em mais de um tom? O original já é bem encrencadinho! Mas daí o Rodrigo me disse que não é só o "1x0" que ele toca em qualquer tom, ele toca qualquer música em qualquer tom...
E como se for um dos melhores músicos do Brasil e do mundo não bastasse, o cara é muuuuuito gente boa. Uma vez nós o canvidamos pra tocar com banda Canavial, uma big band que formamos na Unicamp. A gente tocava às segundas-feiras no Tonico's Boteco, no centro de Campinas e por várias vezes a casa esteve quase vazia. Naquela segunda os ingressos acabaram no domingo! Tocamos alguns arranjos do Proveta e outros da banda que foram rearranjados pra gente tocar com ele. Foi um show memorável! No final fomos dar o cachê pra ele, R$ 1400,00. E quem disse que ele aceitou?! Foram mais de 2 horas pra convencê-lo de que a banda toda tinha aberto mão do cachê como forma de agradecimento. No final, com muito custo, ele pegou a metade.
Falar do Proveta é bom, mas não dá pra descrever. Por isso selecionei esses vídeos. Mas atenção, não ponha o vídeo pra tocar e vá fazer outra coisa! Ouça! Uma, duas, muitas vezes! Cada vez que eu ouço descubro uma idéia nova, uma citação, uma emoção... Recomendo inclusive, fones de ouvido - não muito alto, pra você não ter que visitar a fonoaudióloga tão cedo!
Aí vai uma foto do dia do show "Canavial convida Proveta" também.
Como muitas cidades do interior do Brasil, Leme também tem heranças musicais do tempo do Império.
A música que se tocava nessa época era quase que exclusivamente européia. Ela era trazida pelos senhores e executada pelos seus escravos. A instrumentação era basicamente de instrumentos de sopro e percussão, instrumentos que os negros sabiam tocar, afinal, não tinha violino na África! As partituras eram compradas na Europa e adaptadas para a instrumentação que cada banda tinha. No começo eram transcrições orquestrais, mas com o surgimento de compositores e o sucesso popular, a formação começou a se estabelecer.
Por todo o interior brasileiro as bandas de música sempre foram o principal veículo de ensino musical e entretenimento, e até hoje são as responsáveis pela formação de músicos, especialmente de sopros e percussão, claro. Aliás, pensando aqui comigo, o topo da lista dos meus músicos preferidos é todo preenchido por músicos do interior.
Naylor Azevedo, o Proveta, nasceu em Leme, estudou e tocou saxofone alto e clarineta na banda de música da cidade. A família é de músicos; seu pai, Sr. Geraldo Azevedo toca acordeon, as irmãs Iara e Silvana Azevedo tocam, respectivamente clarineta e sax alto. Eles participaram do primeiro disco do Proveta, "Tocando para o interior".
Não lembro quem deu esse apelido pra ele, mas foi na época em que nasceu o primeiro bebê de proveta, no final dos anos 70. O menino do interior começou a fazer sucesso na cidade grande e, de tão bem que tocava - e já tocava entre os grandes músicos da época como Eduardo Pecci, o Lambari e Oscar Bolão - o relacionaram com o grande passo que a ciência dava.
Mas os passos a que anda Proveta são muitos mais largos e muito menos reconhecidos do que os da ciência. Conhecendo, entendendo e amando nossas raízes musicais, Proveta fundou a Banda Mantiqueira, uma big band tupiniquim que é talvez, a maior referência pra toda essa garotada que nasceu, cresceu e estudou música no interior, como eu.
Mais, muito mais do que um instrumentista, ele é músico! Ele entendeu a essência do negócio e sabe colocar pra fora do jeito mais bonito! Com ele a música tem forma e conteúdo.
Uma vez o Rodrigo Ursaia - meu professor e guia musical - me disse que certa vez alguém pediu pra tocar "1x0", do Pixinguinha, na canja e o Proveta perguntou: "Em que tom?" Como assim em que tom? O cara toca "1x0" em mais de um tom? Vocês tem noção do que é tocar essa música em mais de um tom? O original já é bem encrencadinho! Mas daí o Rodrigo me disse que não é só o "1x0" que ele toca em qualquer tom, ele toca qualquer música em qualquer tom...
E como se for um dos melhores músicos do Brasil e do mundo não bastasse, o cara é muuuuuito gente boa. Uma vez nós o canvidamos pra tocar com banda Canavial, uma big band que formamos na Unicamp. A gente tocava às segundas-feiras no Tonico's Boteco, no centro de Campinas e por várias vezes a casa esteve quase vazia. Naquela segunda os ingressos acabaram no domingo! Tocamos alguns arranjos do Proveta e outros da banda que foram rearranjados pra gente tocar com ele. Foi um show memorável! No final fomos dar o cachê pra ele, R$ 1400,00. E quem disse que ele aceitou?! Foram mais de 2 horas pra convencê-lo de que a banda toda tinha aberto mão do cachê como forma de agradecimento. No final, com muito custo, ele pegou a metade.
Falar do Proveta é bom, mas não dá pra descrever. Por isso selecionei esses vídeos. Mas atenção, não ponha o vídeo pra tocar e vá fazer outra coisa! Ouça! Uma, duas, muitas vezes! Cada vez que eu ouço descubro uma idéia nova, uma citação, uma emoção... Recomendo inclusive, fones de ouvido - não muito alto, pra você não ter que visitar a fonoaudióloga tão cedo!
Aí vai uma foto do dia do show "Canavial convida Proveta" também.
Da esquerda pra direita:
Sidney Ferraz - piano
Proveta - clarineta
Bruno Mangueira - guita
Edu Furtado - sax tenor
Marcelo Fernandes - sax tenor
Gustavo Roriz - baixo
eu - sax alto
Talal Mtanos - trombone
Ronaldo Marqueti - sax soprano
2 comentários:
Proveta, que lindo solo de clarinete com a Mônica! Pelo amor de Deus!!!!!!Você é o cara!!!
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